Crise – Hora de manter a calma!
As informações sobre os reflexos no Brasil que terá a crise econômica que o mundo atravessa não são positivas. Fazendo um rápido resumo das últimas notícias sobre o tema, a Associação Comercial de São Paulo divulgou que as vendas a prazo no varejo em São Paulo caíram 6% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Além disto, a inadimplência aumentou 9,5% em janeiro na maior economia do país. Já os carnês quitados ou renegociados (registros cancelados) caíram 2,3% na comparação entre janeiro de 2009 e 2008.
Isso somado aos dados de 2008, quando a inadimplência dos consumidores aumentou 8% comparado ao acumulado de janeiro a dezembro do ano anterior, segundo dados do Serasa, e ao quadro cada vez maior de aumento do número de desempregados no país, criam um panorama assustador para os próximos meses, fazendo com que entremos em desespero, correto? Não, muito errado.
O que me assusta mais do que a crise, atualmente, é o cenário de caos pintado por alguns especialistas para a população, direcionando para que não sejam realizadas compras. Outro dia, ao assistir um consultor na televisão, pensei que as pessoas que também viam o programa deviam estar com vontade de voltar para a cama e só sair quando a crise passar. Muitos consultores não percebem que com isso estão prestando um desserviço para a economia, gerando a queda do consumo e um aumento do desemprego, num verdadeiro “círculo vicioso” de crise. Por outro lado, é lógico que também não devemos sair gastando todas nossas reservas para salvar o país.
Em períodos de crises como esse é que se torna mais importante que as pessoas mantenham a calma, tomando o controle de sua vida financeira, vendo qual é a real situação. Contudo, também é importante cortar gastos supérfluos, adequando a uma nova realidade de padrão de vida, realizando compras normalmente e principalmente, continuando a realizar os seus sonhos.
Para quem hoje encontra-se endividado, essa é uma ótima hora de negociar as dívidas e pagá-las. Como fazer isso? A única alternativa é se conscientizar da importância de mudar sua cultura e hábitos financeiros. Uma boa gestão financeira é fruto de uma série de pequenas ações e atitudes que levam ao controle das contas.
Assim, primeiramente deve-se elaborar um diagnóstico financeiro, registrar por 30 dias para onde está indo seu dinheiro e montar seu verdadeiro orçamento financeiro, com o domínio de seu dinheiro estará pronto para uma possível negociação com seus credores, mas todo cuidado é pouco, as prestações desta negociação deverão caber no orçamento. Caso não seja possível, seja honesto com seu credor e relate a real situação, pedindo mais algum tempo para saldar a divida.
Para quem não está endividado, mas também não tem reservas, é hora de guardar dinheiro, investindo em alternativas conservadoras, pelo menos 20% devem ser direcionado para poupar, conforme oriento no livro Terapia Financeira (Editora Gente). Mas, para quem já possui dinheiro suficiente para realizar seu sonho de consumo, é um ótimo momento para realizar a compra a vista, fazendo uma boa pesquisa de preços e solicitando um bom desconto. Tenha a certeza que em quase a totalidade dos produtos e serviços existe uma margem de desconto a ser obtida, só é preciso perder a timidez e tomar a atitude. As maiorias das lojas estão em liquidações e este pode ser um bom momento para comprar, mas compre somente o necessário sem exageros, lembre-se é um momento de se estruturar financeiramente e criar reservas para realizar futuros sonhos e desejos.
Um importante alerta, evite parcelamentos, mesmo dentro de um planejamento financeiro, pois as taxas de juros continuam extremamente altas. Assim, o grande segredo nesse momento é não entrar em pânico perante o cenário que alguns economistas apresentam. Apesar de não ser nenhuma “marola”, é importante ter consciência que a crise também não será nenhum “tsunami”, que devastará tudo, é preciso cautela, atenção, muita disciplina e educação financeira.
Reinaldo Domingos – Educador e Terapeuta financeiro. Também é autor do livro “Terapia Financeira” - (Editora Gente), e criador da Metodologia DiSOP – Educação Financeira - Presidente do DiSOP Instituto de Educação Financeira