Vivemos tempos diferentes, líquidos, onde o processo de aceleração tem colocado todos em alerta geral, uma vez que há profundas alterações e uma alta exponencialidade, obrigando as empresas a repensarem como criar valor quando tudo muda o tempo todo.
Estes tempos de hipermodernidade, que traz um ambiente que propicia muitas inovações dentro das mesmas gerações, tem causado uma avalanche de situações muito hostis para as estruturas empresariais da era pré-internet.
Elas adotaram estruturas monolíticas, muito hierárquicas e muito baseadas nos modelos do passado, já muito impregnado por crenças e acostumadas a um padrão de mudanças mais lento e menos significante do que se enfrenta hoje.
A questão da perenidade empresarial tem sido muito olhada desde o célebre estudo da Babson que diz que em 10 anos, 40% das empresas listadas na Fortune 500 não mais existirão por falta total de adaptabilidade.
O darwinismo digital olha especificamente o impacto das tecnologias na sociedade, elas são importantes, claro porque além de tudo ainda trazem para si, uma realidade difícil de se lidar, elas são também ressignificantes, elas mudam relações de percepção da realidade com muita velocidade, ou seja, ela aporta novas relações de significado, aumentando o ciclo da obsolescência em seu entorno.
O grande sociólogo polonês, Sygmunt Bauman posicionou no seu best-seller Modernidade Líquida(1999) que o mundo é líquido, nada é feito mais para durar. Ele traz à tona a questão que se enfrenta hoje, quando o padrão de aceleração digital impõe à sociedade uma realidade de mudança não reconhecida pelos seres humanos.
Além de tudo, ainda, a 4ª. Revolução Industrial publicada pelo Fórum Econômico Mundial no ano de 2016 traz em seu texto a menção que vivemos tempos que não tem precedentes históricos, dada a feição das alterações que estão em curso.
Nesta escala de mudança já se considera que os meios físico, digital e biológico já são considerados como uma instância única, ou seja, aspectos não conhecidos até então no que diz respeito à chegada da tecnologia em ambientes que já trazem a medicina digital e a biologia sintética para muito perto dos seres humanos, dando extensões de pensamento que de que os humanos poderiam viver 500 anos em menos de 30.
Paradoxo ativado, ambiguidade e complexidade é tudo que os humanos deverão considerar como base de um mundo novo cheio de incertezas e desconforto.
O cenário de transformações é já muito agudo e precisa ser claramente compreendido uma vez que está submetendo as empresas e a vida humana a um processo de mudança em réguas de tempo cada vez mais curtas e mais significantes, contribuindo com uma alta volatilidade das estruturas.
A questão do tempo é crucial, a realidade do tempo tem sido cada vez mais percebida, quando se percebe o encurtamento dele. Edgar Morin coloca que o antigo universo destilava o tempo, o novo universo é levado por ele, a questão da hipermodernidade acentua a visão do autor e ainda nos traz um cenário de que o tempo é algo que está encolhendo, abrindo inclusive possibilidades de que o tempo possa vir a ser negativo em determinado ponto.
O cenário que as empresas enfrentam hoje é de volatilidade extrema, porque o padrão de reação é mais lento e sobre elas, novos entrantes são capazes de vir de todas as áreas de negócios, a qualquer tempo com modelos de atuação mortais sobre as estruturas mais ligadas ao passado.
Estas empresas mais ligadas às lógicas do presente chegam já digitalizadas, desmaterializadas, desintermediadas e ainda já apresentam um nível de crescimento disruptivo que deixam as estruturas existentes em algo completamente obsoleto.
Há ainda altíssima fluidez nos setores da economia, como se pôde ver no caso da Amazon que entrou no segmento de alimentos com a compra da Whole Food Markets em um movimento rápido, sobre todas as outras estruturas estabelecidas há décadas.
No que tange aos fatores de mudança, hoje é necessário compreender que o mundo já não é o mesmo na questão da forma de se criar valor. Os drives são mais emocionais, porque precisa-se de uma identificação maior com as marcas.
Aquilo que no passado recente apontava uma necessidade visceral de obtenção de market share para sobrevivência, hoje perdeu expressão em prol do cliente share e os superlativos de ser o melhor, o primeiro, o que chegou antes o que descobriu antes fica complemente defasado no novo cenário competitivo.
Com a inversão do vetor de marketing, hoje é muito próprio já se dizer que são as pessoas que compram não são mais as empresas que vendem, então a disrupção no marketing se altera desde os anos 90 com o padrão de convergência, que mudou hábitos e atitudes e além de tudo ainda alterou a velocidade de demanda.
A 4ª. Revolução Industrial ainda pontua que no cenário das empresas, hoje, o uso de novas ferramentas combinadas refletem melhor o que se assiste, combina-se internet das coisas, as novas economias do capitalismo consciente, inteligência artificial, novos drives de energias renováveis, novas plataformas como o blockchain, a realidade aumentada, a realidade virtual e novos materiais, como o grafeno e o germaneno, criando uma série de mudanças irreconhecíveis na humanidade.
Claro que o ganho de produtividade, muito afetado pela robótica estabelece um novo vínculo de relações, cria novos padrões para o conceito de emprego e do trabalho, decididamente instâncias diferentes entre si.
As estruturas que são mais ineficientes e são regidas por regras do passado, são infestadas de pessoas fazendo tarefas repetitivas. Na fronteira da competição entre os humanos e os robôs, claro que há um nítido descompasso no conceito de emprego. Os robôs serão infinitamente melhores que os humanos nas tarefas repetitivas. Martha Gabriel cita sempre, que “não quer seu emprego tomado por um robô, não tente se parecer com um”.
Paradoxalmente, o lado da tecnologia ativa demanda uma expressão humana mais ativada, porque entre os algoritmos e os androrítmos, são instâncias paralelas, é claro que há coisas que os robôs não aprenderão a fazer, como a compaixão, a ética, emoções, criatividade, imaginação, empatia, consciência, valores, o mistério, etc
Deve-se considerar então que todo lado tech tem uma correlação touch e quanto mais tecnologia aportada tivermos para fazer frente à avalanche de inovações que devemos nos relacionar, mais humanos seremos e quando os robôs fizerem toda a tarefa repetitiva no planeta, imagina-se que sobrará tempo para o humano viver, algo desconhecido para ele até os dias de hoje.
A expressão desta coligação está explicada nos estudos de tendências de novos empregos que estão começando a aparecer, listado pela Universidade de Oxford, uma delas é a profissão de nostagistas, ou seja, gente do futuro, trabalhando para manutenção das raízes dos códigos culturais.
O futuro dos relacionamentos está nos dados em si, quando tivermos todos os dados chegando da internet de todas as coisas, imagina-se que eles chegarão muito brutos, precisaremos também de uma nova categoria profissional, os especialistas em Feng Shui de dados, alguém que nos dê uma visão mais orgânica deles, para que possamos tirar um padrão de análise em meio a um oceano de informações.
O futuro já diz que os relacionamentos estarão pautados pela ciência dos dados, mas não só, como nos alerta a Capgemini e o MIT, deveremos também manter um arsenal impressionante da ciência do comportamento humano, ou seja, o tech e o touch.