Samir Iásbeck

Juiz de Fora/MG
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Samir Iásbeck

Samir Iásbeck é Fundador, CEO e #MakingLearningFunk Evangelist da Qranio, um aplicativo que permite que você aprenda se divertindo. Samir tem MBA em Gestão Empresarial e Marketing pela UFRJ.


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A importância do onboarding no processo de Qontratação e integração de pessoas
Samir, empreender é um “esporte” de alto risco no Brasil?

Samir, empreender é um “esporte” de alto risco no Brasil?


Se empreender fosse um esporte, as pessoas deveriam pelo menos emagrecer e não engordar. Desde que comecei o Qranio eu engordei muito e agora me esforço muito para recuperar! É sim, de altíssimo risco. Empreender no Brasil, em geral, é mais que um ato de tomar risco é um ato de transgressão. Não acho que seja um esporte, mas sim uma atitude de transgressão e que exige muita coragem, foco, propósito e resiliência.

Uma das maiores qualidades de todo empreendedor de sucesso é a resiliência. Como um empreendedor obtém essa resiliência?

Acredito que nem todo mundo tenha que empreender. Tem que ter um desejo muito grande, assim como ter resiliência. Para quem tem o desejo de empreender, inovar, criar, fazer, a resiliência virá de forma mais natural. A resiliência está ligada ao propósito, a um sonho que se tem e que por ser algo “que está ligado em suas veias” não se desiste nunca. Se aquela ideia de fazer algo está em você (corre nas suas veias), ligada profundamente a você como um todo, a resiliência virá como consequência. Acredito que a resiliência você sempre encontrará como uma característica natural em empreendedores que alcançaram algum tipo de êxito, sucesso. A resiliência não é algo que se adquire por opção, ela vem naturalmente quando se descobre o propósito pelo qual você existe e trabalha. Ou seja, se você quer ter resiliência precisa amar, acreditar, descobrir sua razão de existência e porque está empreendendo naquilo.

Por que você acredita que o investidor brasileiro é impaciente diferentemente de outras partes do mundo?

Eu acho que o investidor brasileiro é diferente dos outros investidores por conta da nossa economia. A economia brasileira, ao meu ver, é mais volátil. Nossos investidores acabam sendo mais imediatistas. O mais curioso nesse meio de empreendedorismo, que estou mais imerso desde 2009, é que fala-se tanto em capital de risco, mas nossos investidores quase nunca querem arriscar. Eles não têm muita paciência para esperar a empresa tomar forma e se desenvolver. Mas tenho percebido que essa impaciência tem sido exercida pelos investidores de forma geral. O desafio do empreendedor é achar um investidor que se comprometa não só com os investimentos, mas também com a causa da empresa.

Quais foram os principais erros e acertos que você teve na gestão do Qranio?

Eu acho que tive muitos erros na história do Qranio. Quando comecei o Qranio, em 2011, eu nem sabia o que era uma startup ou investidor anjo. Nesse período fui acumulando informações e aprendendo a lidar com esse mercado. Mas acredito que um dos nossos maiores erros foi ter saído para uma expansão internacional sem ter consolidado nosso modelo de negócio de forma que estivesse satisfatório para todos os sócios e investidores. Tínhamos investimentos muito altos e gastos muito altos também. Por outro lado, acho que isso também foi bom para consolidar a descoberta do nosso produto de treinamento corporativo para grandes empresas. Nosso maior acerto foi a criação da marca Qranio e como ela tem relevância no mercado de startups. Outro erro foi não ter explorado toda a força comercial da equipe Qranio. Aproveitamos muito pouco esse nosso potencial. Hoje focamos mais nisso até mesmo pela consolidação da marca. Estou até finalizando um livro que pretendo lançar agora em 2018 com o foco em ajudar outro empreendedores e mostrar a importância do vendedor nas startups onde faço um paralelo de uma empresa qualquer com um aparelho digestivo e mostro que o mais importante é alimentar a boca, é vender, e por isso o mais provável título do livro é: “Quem não Qome, não Qaga!”.

A empresa hoje está moldada como pensava no início do empreendimento?

Desde o início tínhamos em mente ter um lado B2B e um B2C. O que mudou ao longo do tempo foi o foco: antes era no B2C e agora no B2B. E isso foi sendo moldado pelo mercado. Costumo dizer que somos como um girassol, que se inclina a favor do sol. O mercado vai mostrando o que é preciso ser feito e vamos trabalhando nesse sentido.

O processo de monetização de um negócio é a parte que mexe mais com a cabeça de um empreendedor que atua no mercado de tecnologia?

O processo de monetização, ou seja, ganhar dinheiro, é difícil em qualquer segmento, ainda mais se você tratar isso como consequência de um bom trabalho, que é nossa vibe aqui no Qranio. Mas um dos pontos que mexe com a cabeça do empreendedor é ter um bom produto e achar que ele se venderá naturalmente. Inclusive estou escrevendo sobre isto no livro, para ajudar empreendedores que têm esses bons produtos. Até brinco que o título do livro, “Quem não Qome não Qaga”, mostra a importância que o vendedor tem no negócio. Acredito que para uma empresa dar certo, ela precisa ter alguém focado nesta área de negócios, uma pessoa muito boa em tecnologia e uma terceira no setor que se vai atuar. Fazendo uma analogia com o aparelho digestivo, quem alimenta a boca é o vendedor. Então não adianta você só focar em um produto diferente, que seria a digestão. Se não tiver o alimento você não vai “Qagar” nada, que é seu lucro no final.

Inovador Assertivo: O criativo empreendedor Samir Iásbeck (Foto: Divulgação/AP)

 

Por que vocês preferiram adaptar um conteúdo e não criá-lo?

O nosso propósito está em tornar o aprendizado em algo divertido para as pessoas. Assim, nossa preocupação está na forma como esse aprendizado acontece independente do que elas precisam aprender. As pessoas acham que inovação é fazer algo como um carro que voa. Mas a inovação está ligada a melhoria de algo, de um processo, por exemplo. Na Qranio, como já disse, acreditamos que podemos tornar o aprendizado mais divertido. Para isso, usamos conceitos de gamificação,microlearning e mobile. Então, a questão de adaptar o conteúdo é apenas uma etapa do processo. O conteúdo é vestido pela forma de aprendizado que adotamos. Portanto, podemos ser ferramenta para professores, empresas…

Manter o foco e a motivação é essencial para qualquer negócio que queira obter sucesso. Como essa mistura de motivação e foco é encontrada diariamente no Qranio?

O princípio básico aqui na empresa é que em primeiro lugar estão as pessoas. No meu jeito de pensar, dito grande parte da cultura da empresa, junto com os outros cofundadores, Gian Menezes e Flávio Augusto, que me ajudaram muito a evoluir. Eu acredito que o principal é colocar as pessoas na frente de tudo e usar ao extremo o bom senso. Se aquilo é algo prático, vamos colocar em prática! Então, por exemplo, um programador que fica aqui em Juiz de Fora, no QG do Qranio, e não vai ter um contato direto com o cliente, pode ir trabalhar de forma mais informal, de bermuda. O mais importante é conversar com as pessoas, e aí temos várias metodologias. Procuro conversar com cada um da equipe no máximo a cada 45 ou 60 dias para trabalharmos juntos projetos de vida e de trabalho e como a empresa e eu podemos contribuir para evolução dele profissional ou de vida. Nosso time de programação, o maior que temos, também utiliza metodologias ágeis de gestão adaptadas à nossa realidade. O ponto principal para saber deixar as pessoas motivadas é saber ouvi-las e analisar o que pode ser feito para melhorar a vida delas. Além disso, acredito que um bom ambiente de trabalho, tanto no clima organizacional quanto no quesito físico é muito importante. Estamos inclusive reformando o Qranio. Brinco que estamos fazendo uma Nano Google aqui!

Como tem sido o crescimento da empresa desde quando vocês reposicionaram o mindset?

Temos crescido absurdamente desde que reposicionamos o foco para o trabalho no B2B. A nossa ideia de crescimento para este ano é gigante. Devemos ter um crescimento superior a 500%, podendo chegar até em 1000%. Acreditamos que 2018 será o ano do crescimento comercial do Qranio. Ano passado investimos muito na melhoria do nosso produto e na aquisição de clientes-chave, como a renovação com o Bradesco. Plantamos muitas coisas boas em 2017 e em 2018 iremos colher esses frutos. São várias empresas grandes em negociação conosco.

Os problemas econômicos do país atrapalharam de algum modo o andamento das operações do Qranio?

Eu não acho que os problemas econômicos do Brasil atrapalharam o Qranio. Já fui perguntado sobre isso em outras entrevistas e, sendo bem sincero, o máximo que eu ouvi de um ou outro cliente é que eles tinham orçamento para fazer o investimento mas ainda estavam tensos. Ano passado não percebi um impacto tão grande da crise. [vídeo]

Como espera que o Qranio seja uma empresa diferenciada, valorizada ao mesmo tempo inovadora nos próximos anos?

Sustentar uma empresa no quesito inovação é algo muito difícil porque a inovação te obriga a estar criando sempre algo novo, disruptivo. A ideia central é essa: você tem que ter o foco no que você quer resolver. Nosso problema é tornar o aprendizado divertido, e é nisso que estamos focados. Para isso é necessário ter respeito pelas pessoas, tentar extrair o máximo do talento de quem trabalha contigo. Dessa forma, acredito que iremos conseguir ser uma empresa inovadora nesse segmento e conquistar cada vez mais êxito e sucesso. Procuramos estar sempre com um pé no presente e outro no que acreditamos poder ser o futuro do nosso setor!

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