No Brasil, a partir do ano de 2018, declarou-se uma guerra entre aqueles que apoiam o atual presidente, Jair Bolsonaro, e os que são favoráveis ao ex-presidente Lula, como se não existisse alternativa ou crença diferente.
Em meio a este enfrentamento, entra em pauta a reforma da Previdência, apresentada como a tábua de salvação de nosso país, que ao menos desde 2015 está mergulhado em uma crise sem precedentes, fazendo a cada dia milhares de vítimas: pessoas físicas e jurídicas que, afundadas em dívidas, não encontram meios de superar seus problemas.
Faço parte de um grupo formado por milhares (ou, quero crer, milhões) de brasileiros que percebem que o sucesso e o futuro do nosso país não dependem simplesmente de uma mudança nas regras de nossa Previdência Social ou da competência de uma pessoa que ocupe o cargo de maior importância no Executivo nacional.
Faço parte, repito, do grupo que acredita, com a mais absoluta certeza, que existem, sim, dois caminhos, distintos, porém complementares, para que o Brasil deixe para trás esta nociva crise e deslanche de uma vez por todas, tornando-se uma nação bem-sucedida. Um país onde toda a população tenha oportunidades iguais para transformar projetos em empresas, gerando empregos e benefícios concretos a todos.
O primeiro caminho, como não poderia deixar de ser, é o investimento no empreendedorismo. Naquele pequeno empreendedor que acorda cedo, dorme tarde, e luta, muitas vezes, sete dias na semana para equilibrar suas contas, e que tem pouco, ou nenhum, apoio governamental. Seria uma decisão óbvia investir em quem movimenta, aproximadamente, 70% dos empregos da iniciativa privada do país e quase 30% do PIB (Produto Interno Bruto).
A segunda é o desmonte do peso da máquina pública, acabando de uma vez por todas com privilégios absurdos, como auxílio-terno, refeições suntuosas, auxílio-moradia, auxílio-escola, férias de 60 dias por ano, etc. Cortar os imensos benefícios daqueles que ganham salários muito elevados para nossa realidade seria um passo digno de aplausos.
Para isso é imprescindível deixar de lado palavras e frases bonitas, mas sem qualquer alcance prático, e encarar de uma vez por todas a realidade. Uma realidade que faz parte do dia a dia de inúmeros empreendedores que, sem demagogia, diariamente "cortam a própria carne", fazendo das tripas coração para manter empresas de pé, garantindo emprego e oportunidades a sua equipe. Eles sabem que muitas famílias dependem de sua competência para trabalhar e, com esta responsabilidade na consciência, trabalham sem descanso. Estes merecem aplausos e apoio para crescer e nos ajudar a sair do buraco sem fundo em que se encontra nossa economia.
Algumas pessoas afirmam que o governo deveria simplesmente parar de atrapalhar e deixar o empreendedor trabalhar. Não advogo esta premissa, mas o peso excessivo da tributação e da intervenção do Estado, sem dúvida, atrapalha muito mais do ajuda. Vou além, na certeza de que os gastos elevados que citei há pouco poderiam ser direcionados para investir em quem realmente pode trazer lucrativo retorno ao Brasil.
É preciso que seja firmada, com a máxima urgência, uma união verdadeira entre o Público e o Privado, a fim de que nosso país encontre seu rumo. Isto precisa ser feito enquanto há tempo. A luta dos empreendedores e dos empregados da iniciativa privada não tem tido o necessário apoio do poder público; eles clamam por socorro e este não pode tardar.
Para concluir, cito um trecho de "Zé ninguém", da conhecida banda brasileira Biquíni Cavadão, que resume em poucas palavras o sentimento de quem vive a vida real: Os dias passam lentos / aos meses seguem os aumentos / Cada dia eu levo um tiro / Que sai pela culatra / Eu não sou ministro, eu não sou magnata / Eu sou do povo, eu sou um Zé Ninguém / Aqui embaixo, as leis são diferentes.