Tenho percorrido muitas fazendas e conversado com muitos produtores rurais, de várias localidades do Brasil. Há alguns dias, estive em Ibiúna, interior de São Paulo. O proprietário, produtor de frutas e legumes, me contou sobre o seu projeto de lançar um e-commerce de produtos orgânicos.
Entusiasmado, ele me revelou detalhes: “Quero conectar diversos produtores com os varejistas. Mas, somente os produtores que, assim como eu, apostam em produtos orgânicos”.
Tomamos um café e ele complementou: “Sabe, esse é um grande mercado. Fiz uma ampla pesquisa, conversei com varejistas e amigos produtores. Todos nós estamos animados para este mercado. Tem muito potencial”.
Esta postura do produtor é um ótimo exemplo de “gestor do campo”. Foi-se o tempo em que o agricultor somente plantava e colhia, agora ele está preocupado com os recursos naturais, com o futuro do planeta e com uma gestão equilibrada e consciente. Ele é um sábio do campo.
Mais adiante, o produtor me revelou algumas de suas futuras estratégias, focadas em canais digitais: utilizar as redes sociais, criar um aplicativo e desenvolver um site, com dicas e orientações sobre orgânicos.
Ele justificou: “Precisamos conscientizar a população sobre a importância dos orgânicos. Falar dos benefícios, das verdadeiras transformações que a sociedade pode e vai passar com estes novos produtos”.
Fomos tomar mais um café. No último gole, ele me perguntou: “O que você acha disso? Tem futuro, não tem?”.
Respondi, após respirar um pouco: “Estão surgindo muitas tecnologias para o agronegócio, muitas delas são repetitivas, tornando algumas tecnologias commodities. Então, precisamos tomar cuidado. A tecnologia não pode ser a salvação do mundo, mas sim uma evolução natural das práticas agrícolas”.
Ele ajeitou o chapéu. Continuei, lançando um pergunta: “seu projeto é a salvação do mundo ou uma evolução natural?”.
“Uma evolução natural”, disse ele.
“Então, tem futuro”, falei.