Eu tenho realizado em diversas cidades uma série de eventos sobre o futuro que já existe em diferentes segmentos ou regiões. Um dos temas escolhidos foi educação e aprendizagem, onde mostrei formatos explícitos de educação - como escolas e universidades - que estão se reinventando e, também, como outras atividades estão fazendo o papel de educador - e muita gente não está percebendo. Nesse artigo vou abordar alguns exemplos ligados a escolas e universidades.
Como parte de um programa de liderança no Reino Unido, visitei a St. Mary’s Primary School em Manchester. Nessa escola, as crianças organizam várias assembléias a cada mês, na qual elas revisam os dias anteriores, refletem como poderiam ser ainda melhores e, inclusive, trocam de papel com outros profissionais da escola - como professores e equipe de limpeza - para entender na pele a importância e desafios de cada um. Além disso, eles têm uma política de portas abertas na qual pais de alunos podem, a qualquer momento, entrar e conversar com os educadores e dão prioridade para contratar profissionais e escolher alunos que vivam bem perto da escola, pois acreditam que essa é a melhor forma de ter a escola no centro de uma comunidade.
Indo mais para o Oeste, uma outra visita que me encantou foi a Green School, em Bali, na Indonésia. A escola, como diz seu nome, está no meio de muito verde, as salas de aula são feitas de bambu e outros elementos sustentáveis e, para que a natureza possa ditar como as pessoas aprendem, só há luz natural. A educação é holística, incluindo artes e diversas atividades para que os alunos aprendam a fazer as coisas com as próprias mãos, práticas físicas como luta e um foco grande em desenvolvimento sócio emocional.
Eles têm um centro de inovação no qual os alunos, desde pequenos, pensam soluções para os seus desafios do dia a dia. Por exemplo, eles desenharam um ônibus sustentável que usa óleo de cozinha como combustível e agora esse ônibus é usando como transporte de vários alunos para a escola. Os pais também são extremamente engajados e ajudam a crescer a Green School com seus próprios negócios. Dessa forma, organicamente, a escola se desenvolve ainda mais. Por exemplo, um pai que tenha um studio de yoga ajuda a trazer a melhor experiência para essa atividade na escola.
Vamos agora para o Vale do Silício, onde tive a oportunidade de palestrar em duas iniciativas educacionais que me chamaram muito a atenção: a Minerva Schools e a 42 Silicon Valley. Na Minerva, o foco não é apenas em oferecer um acúmulo de informações, mas em desenvolver habilidades críticas no aluno e formá-los para que eles sejam cidadãos globais. Durante os 4 anos de curso, os estudantes moram em 7 países diferentes e, parte do que é aprendido na aula, é aplicado para desafios das cidades. Por exemplo, os alunos desenvolveram um projeto para mensurar o que acontece com o cérebro quando estimulado por propagandas e luzes por todos os lados em alguns centros comerciais e turísticos da Coréia do Sul.
Já, a 42 Silicon Valley, quer disruptar a educação que forma bons engenheiros. Há um processo online no qual pessoas interessadas em estudar lá mostram as suas habilidades de programação e, quem passa, tem a chance de passar um período inicial na 42. Durante esse período há diversos desafios de programação e, quem os completa, é aceito para fazer o curso inteiro, sem pagar nada. Cada aluno evolui no seu tempo e, ao terminar certos módulos, estagiam em empresas altamente desejadas no Vale do Silício. Detalhe importante: não há professores. Os próprios alunos tem como tarefa criar programas para testar os programas dos outros alunos.