Economia reduz risco político
Modelos que avaliam o risco político com base na economia sugerem um cenário de maior estabilidade à frente.
Roberto Padovani
07 de janeiro 2020
Ao contrário do que tem se observado desde 2013, é provável que os próximos anos apresentem um quadro de maior estabilidade política. A base deste argumento é dada por estudos que avaliam os impactos das condições econômicas sobre o ambiente político.
Apesar de a relação entre economia e política ser amplamente conhecida e haver vasta e sofisticada pesquisa na área, esta abordagem raramente é utilizada. Na maior parte das vezes, as análises são influenciadas pelo curto prazo, não seguem modelos teóricos formais e consideram apenas variáveis subjetivas, como aspectos pessoais das lideranças e bastidores de negociações, resultando em impressões apaixonadas e com baixo poder preditivo.
Ao contrário, modelos de análise política que se valem da economia permitem avaliações interessantes sobre temas relevantes como eleições, escolhas de políticas públicas e governabilidade.
Do ponto de vista da competitividade eleitoral, a ideia é que o bem-estar ou o desconforto da população influencie os níveis de aprovação dos governos e suas chances eleitorais. No caso brasileiro, por exemplo, há uma forte correlação estatística entre renda e popularidade.
O trabalho da pesquisadora Daniela Campello reforça a importância da qualidade da competição eleitoral. Sua tese, exposta ao longo deste artigo, mostra que os intensos e frequentes processos de expansão e colapso (boom and bust cycles), típicos dos mercados emergentes, são um dano para a democracia por atrapalhar a capacidade de os eleitores avaliarem os governos, diminuindo, com isso, o poder do voto como um incentivo para a adoção de boas políticas públicas.
No caso dos países sul americanos, parte da instabilidade econômica vem da dependência das exportações de matérias primas e da poupança externa5, fazendo com que os ciclos globais.