Como a plataforma, cuja história está disponível em série da Neflix, pode ajudar a impulsionar o seu negócio”
Para quem está empreendendo, quer empreender, ou simplesmente tem intenção de entender mais sobre o tema, a história da concepção do Spotify traz belos insights. Para ajudar a identificar pontos de importância que todo empreendedor deve se atentar, Alexandre Uehara, founder, head de inovação da Innov8 e professor MBA em gestão da inovação e transformação digital na Fiap, lista dez lições que podem ajudar na jornada de quem tem interesse no tema.
“O bacana da série em cartaz na Netflix é que a história é contada em seis episódios, cada um deles tendo a visão das pessoas mais importantes dentro do contexto. Assim, nem sempre o ângulo de um é o do outro e a série aponta como isso pode impactar o negócio”, diz o especialista, que ainda é Primary Ambassador SingularityU Chapter em São Paulo.
Participam como protagonistas dos episódios: Daniel Ek (fundador), Per Sundin (indústria da música, de uma gravadora), Petra Hansson (advogada da empresa), Andreas Ehn (CTO), Martin Lorentzon (cofundador) e Bobbie T (artista musical).
Lições
Esteja pronto para o pitch em qualquer lugar (na rua, por exemplo)
Já no primeiro capítulo, Daniel Ek aproveita a oportunidade de encontrar Per Sundin antes dele entrar no carro, com objetivo de fazer o pitch para o executivo da Sony.
Crie a proposta de valor (não só para os usuários, mas também para gravadoras e para os artistas)
Quando se cria um negócio, normalmente os idealizadores pensam na proposta de valor para o usuário final. Mas não se pode esquecer da proposta de valor para as outras pontas, como no caso do Spotify, que tem stakeholders importantes para o negócio dar certo: além dos ouvintes, a gravadora e os artistas (o 6° capítulo tem a visão da artista Bobbie T).
Tenha uma equipe multidisciplinar e complementar (como mostra o capítulo 4)
No capítulo 5, Martin Lorentzon fala sobre a importância de ter pessoas que pensam diferente, e que tenham skills diferentes, parte do sucesso do Spotify.
Ideias não surgem do nada. Perceba os insights e faça um mix de ideias (Capítulo 4, quando Andreas Ehn ouve a namorada)
Andreas Ehn é o CTO do Spotify e tinha um grande desafio tecnológico. Para quem imagina que tecnologia é apenas sobre 0 e 1, no capítulo 4 é possível entender quanto um desenvolver também precisa ser criativo. E vem onde menos se imagina. Em um papo com a namorada, que é estudante da área de saúde, a partir de uma explicação dela sobre células, Andreas teve insights para resolver o desafio tecnológico.
A importância de escolher bem o seu sócio ("Confie quando estiver no poço e quando estiver no fundo do poço")
É como dizem: sociedade é igual casamento. Escolher bem os sócios é muito importante para o negócio. Daniel Ek e Martin Lorentzon se tornaram sócios em uma das empresas mais disruptivas da história, e o próprio Lorentzon diz no capítulo 5: "Confie quando estiver no poço e quando estiver no fundo do poço".
Olhem as tendências e o comportamento das pessoas (Música de graça e o Pirate Bay)
Não tem como ir contra as tendências. Quando o Spotify foi construído, a pirataria (Pirate Bay) era bem disseminada e as pessoas não pagavam nada para ter acesso às músicas. O Spotify não foi contra a tendência — diferentemente dos concorrentes da época — como grandes gravadoras e a própria Apple Music.
Conheça bem seu público (Fale diretamente com eles, indo direto para a escola falar com os jovens, como na série por exemplo)
Uma das partes importantes para qualquer negócio é validá-lo. Falar diretamente com seu público (o conhecido "Get out of the Building") se faz absolutamente necessário para um negócio de sucesso. O capítulo 1 mostra os funcionários do Spotify indo até a escola, falando sobre o Spotify e entregando panfletos diretamente para os jovens.
Não desista ("Se alguém fecha a porta, você sempre encontra uma nova");
Empreender é sobre resiliência, persistência e acreditar no seu negócio. A esposa de Per Sundin disse no capítulo 2: "Se alguém fecha a porta, você sempre encontra uma nova".
O mundo e o mercado estão mudando. Não seja um Titanic (Como diz a série: “Pessoas não gostam de mudança”)
Pessoas não gostam de mudança, isso é fato. Para qualquer coisa que aconteça, seja no campo pessoal ou profissional, temos certa resistência. Imagine no mundo corporativo, ou até na indústria da música, em que o modelo de negócios sempre foi por royalties. Novos modelos de negócios precisam ser criados. É importante não ser um Titanic e apenas esperar o seu negócio afundar.
Encontre seu modelo de negócios e principalmente o diferencial de sua empresa
Não é só sobre entregar música de graça. Qualquer empresa precisa ter um modelo de negócios. Entender o porquê um usuário pagaria por seu serviço/produto é importante. No caso do Spotify, as pessoas pagam para não ouvir propaganda, para conseguir pular músicas e até criar sua própria lista personalizada. E isso é apresentado no capítulo 2, quando a advogada Petra Hansson faz uma analogia com as miçangas.
Escrito por Alexandre Uehara