Reviver depois do trauma, missão dura que clama pela força da alma. Pais, parentes, amores, amigos, irmãos… Alguém ficou e não saiu do beijo infernal da Boate Kiss.
O Pelé esteve visitando a área da tsunami no Japão e disse: “vi destruição, adultos consternados, mas vi crianças brincando e jogando bola”, o reviver pós-traumático exige que nossas crianças interiores voltem a sorrir e a gritar: eu tenho um futuro!
Estive em Hiroshima, Japão, e vi a cerimônia e o rememorar do que não pode ser jamais repetido pelos seres humanos. A esperança do oferecer dignidade a uma perda passa a ser maior do que a resignação da dolorosa e cortante saudade que marca indelevelmente a todos que ficaram. Nunca mais somos os mesmos depois de um trauma, nunca mais viveremos como antes.
Já mudamos todos, aqueles envolvidos na comunidade de Santa Maria e todas as pessoas do mundo com cargas razoáveis de empatia. Não seremos nunca mais os mesmos. Ou evoluímos ou estacionamos na dor. Precisamos evoluir. O que fica agora é compreender que a única coisa a ser feita está em superar, transcender, sublimar e conscientemente dizer, essa é a forma rebelde com a qual eu não vou aceitar a resignação da morte de quem amo tanto.
Digo sempre em palestras e nos meus livros de superação, nao é por que perdemos uma perna que devemos sacrificar a outra, não é por que queimamos o rosto que devemos queimar todo o corpo, não é por que perdemos amores das nossas vidas que devemos ignorar outros amores que vivem e nos cercam.
E ao mergulhar numa jornada em Tel Meggido, a área do apocalipse bíblico, o Armageddon em Israel, onde refleti para escrever meu último livro O Código da Superação, concluí: onde houver amor, ao final tudo vai dar certo. Onde não houver uma alma, podemos construir uma, e só iremos voar se ficarmos leves, transparentes e conscientes de que um corpo não vive sem uma alma, mas uma alma continua viva e não precisa de um corpo… As vidas continuam.
Aos que partiram antes, na tragédia de Santa Maria, o que gostariam que fizéssemos, trata desse reviver. É a dignidade da reconstrução das vidas dos seus amores que aqui continuam e com quem iremos um dia nos reencontrar em algum ponto inexato e incerto do infinito neste universo. Ao final tudo vai dar certo, é a hora da retomada das consciências dignificantes da luta pela vida.
Estarei em Santa Maria no dia 10 de marco, às 10 horas, no auditório do Colégio Santa Maria, com a palestra ReVIVA Santa Maria – na dignidade da superação, entrada franca, a convite das associações e entidades da cidade.