Alexandre Sayad
São Paulo/SP
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Alexandre Sayad, também conhecido como Alexandre Le Voci Sayad, é um jornalista, escritor e educador brasileiro. É representante na América Latina e Caribe do think tank GAPMIL da Unesco, e fundador da ZeitGeist - Educação, Cultura e Mídia.
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2014 promete ser o ano da curadoria na educação
O ano de 2013 será marcado por uma escola que transbordou. Há poucos que ainda defendem ou acreditam, que o currículo e a forma com que este organiza e condiciona a aprendizagem tenham algum futuro ou mesmo sejam suficientes para as demandas da sociedade do presente, sejam elas funcionalistas ou existencialistas. Há senso de urgência no ar e isso é muito bom.
O ¨zeitgeist¨ educacional já contemplou conceitos como inovação, ensino personalizado, MOOC, sala de aula invertida, games e, aos poucos, passou a deixar ideologias (e suas batalhas infindáveis) para o lado de fora de seu espectro. O que se aprende e o que se desenvolve em termos de habilidades é o foco da escola; o resto é política ou vaidade intelectual de quem assina o discurso.
Nunca se tentou e se experimentou tanto no campo da educação. Mas isso se mostra apenas como um bom começo para uma verdadeira transformação de como a escola educa e se posiciona numa sociedade em rede em que a construção do conhecimento é potencial em todos os lugares. Há imensos desafios para os próximos anos tanto no campo da operacionalização de propostas para grandes redes públicas de ensino como quanto para questões pontuais do ensino que carecem de atenção especial.
O ano da educação para 2014 (pensando na transformação da escola e nos novos modelos de aprendizagem) deve se debruçar em algumas questões básicas:
- Os cursos online abertos e massivos (MOOCS) embora amplamente disseminados ainda buscam por um modelo de negócios e parecem passar longe de um bem sucedido exemplo de retenção de alunos. Embora a estimativa do site edsurge.com aponte o nascimento de dois novos cursos dessa natureza por dia, a porcentagem de alunos que termina os módulos muitas vezes não chega a 20%. Números pouco disseminados pelas universidades. Como fidelizar e reter esse mar de desistentes?
- No caso da América Latina, disciplinas fundamentais como a Matemática perecem ter menos atenção por quem desenvolve novos métodos e tecnologias de ensino. O PISA não cansa de acender a luz vermelha e pouco tem se investido para que o aprendizado (ou a falta dele) de fórmulas e equações se torne algo mais palpável e próximo do cotidiano do aluno. Falta ousadia para transformar essa área.
- Como educar e avaliar massivamente e personalizadamente ao mesmo tempo? Esse é o verdadeiro salto para fora dos modelos industriais de educação e para perto de uma atenção individual a cada estudante. A tecnologia tem feito um papel importante para tornar isso possível, mas precisa ganhar ainda credibilidade e simpatia da instituição escolar. Há um processo de sedução em curso.
- Os modelos tradicionais de avaliação e ingresso no ensino superior parecem resistir à flexibilização. O Enem com o passar do tempo ganhou contornos cada vez mais conteuditas e hoje parece um irmão mais novo do vestibular. Este, por sua vez, pouco se altera e acaba por condicionar os conteúdos e o tempo do ensino médio à sua imagem. Flexibilizá-lo significa oxigenar a escola.
- Talvez o ano de 2014 seja mesmo marcado pelo desenvolvimento de ferramentas e métodos de curadoria para que cada escola, com suas vocações e objetivos, possa se encontrar no mar de siglas e ferramentas disponíveis. A enxurrada de novidades têm assustado gestores e instituições, que muitas vezes não sabem como começar a aplicá-las. Muita informação pode implicar em pouco significado.
O importante mesmo, é que a educação continue a permear os bate-papos e discussões de quem não é da área – essa tendência vigorosa, se perpetuada, garante que novas ideias surjam e que o assunto seja uma preocupação da sociedade como um todo. Afinal, não existe inovação pela metade, e o que nossas escolas ainda precisam é de transformação radical de funcionamento, ou seja, de disrupção.