Finalizamos a edição 2018 do Ranking das 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro, com dados de 2017 de empresas com faturamento anual superior a R$ 230 milhões. Esta é a 4ª edição realizada pela SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) e permite diversas análises sobre as médias e grandes empresas que respondem por 40% do varejo brasileiro. Dentre elas há 120 empresas com faturamento anual superior a R$ 1 bilhão, 14 com mais de 1.000 lojas em operação no País e 41 com mais de 10.000 funcionários.
Superação da crise– a edição de 2017 do Ranking já havia revelado que, apesar do cenário negativo para o varejo em 2016, boa parte das médias e grandes empresas haviam mostrado resiliência e crescimento de vendas. Os dados de 2017 reforçam o desempenho das maiores empresas e a saída da crise que impactou o varejo em 2015-2016. Números referentes a 220 empresas do ranking revelam crescimento nominal consolidado de 6,8% sobre 2016, enquanto o varejo brasileiro cresceu 2,2%. É Importante notar que 79% desta base registrou crescimento nominal de vendas e 70% delas teve aumento acima da inflação do período (que foi 2,95%). Apenas 20% da amostra registrou queda de vendas em 2017.
Expansão– os dados mostram retomada no movimento de expansão, que não foi abandonado pelas empresas durante a crise. Em amostra de 229 empresas do Ranking, houve aumento de 4,5% na base de lojas, contra 3% em 2016, com destaque para o fato que 58% das empresas tiveram aumento na base, 27% mantiveram e somente 15% tiveram redução no número de lojas em operação.
Produtividade– a agenda de produtividade que se impôs no varejo brasileiro durante a crise de 2015-2016 continuou gerando resultados para as empresas. A venda média por funcionário aumentou 4,4% para uma base de 190 empresas, dentre as quais 60% tiveram aumento no indicador. Considerando-se a inflação de 2,95% em 2017, o varejo conseguiu ganho de produtividade no período.
Concentração e Regionalismo– os dados do Ranking revelam características estruturais do varejo brasileiro. O mercado brasileiro é complexo e apresenta elevados graus de concentração demográfica e geográfica. A consequência disso para o varejo se dá no baixo nível de concentração e peso do varejo regional. As 10 maiores empresas de varejo do Brasil detém somente 15% do mercado, as 50 maiores 27% e as 100 maiores apenas 33%. De outro lado, considerando-se base de 243 empresas, 47% delas só possuem operação em um estado e 62% em até 5 estados. Somente 15% das maiores empresas de varejo do Brasil operam nos 27 estados do País. Apesar de existirem diversas redes com presença nacional, o varejo brasileiro ainda é dominado por empresas de atuação regional.
Relevância do Franchising– um dos aspectos relevantes do Ranking da SBVC é a classificação das redes de franquias a partir do faturamento consolidado das redes (o “sell-out“), ao invés das receitas das empresas franqueadoras. Isto permite apurar a real relevância do franchising no varejo brasileiro. Dentre as 300 maiores empresas, 61 possuem operação de franquias. Considerando-se que o segmento de supermercados tem 144 empresas dentre as 300 do Ranking, das quais somente 8 operam franquias, constata-se que 1/3 dos maiores varejistas de não-alimentos do Brasil possuem operação de franquias.
eCommerce– a penetração do comércio eletrônico em relação ao varejo brasileiro é de apenas 3,2%. Os dados do Ranking permitem compreender o baixo grau de penetração: apenas 42% das empresas vendem online. O atraso é muito superior no varejo alimentar e food service, onde apenas 13% e 31% das grandes empresas possuem operação de ecommerce, respectivamente. No varejo não-alimentar, 71% das maiores empresas já vendam online, mas pode-se reforçar a avaliação que, em relação à digitalização do varejo, os consumidores brasileiros estão se movimentando com maior velocidade que as empresas.
Os dados do Ranking da SBVC confirmam que em 2017 o varejo superou a cris e que as médias e grandes empresas conseguiram desempenho superior ao mercado. Também contata-se a continuidade no processo de melhoria de produtividade. O estudo evidencia aspectos importantes do varejo brasileiro, como o baixo grau de concentração, o peso do varejo regional e a relevância do franchising. Finalmente, expõe o atraso por parte das médias e grandes empresas – sobretudo nos segmentos de alimentos e food service– em implantarem canais digitais.