Recentemente, a Oliver Wyman divulgou o primeiro estudo de uma série batizada como Panorama Brasil. O trabalho, cujo título é “Renda e produtividade nas duas últimas décadas”, tem como foco a evolução da produtividade, em particular a produtividade do trabalho no Brasil.
Para começar, é importante explicar que a renda per capita de um país é determinada por duas variáveis: a produção média por trabalhador e a fração de pessoas que trabalham nessa economia. No nosso estudo nos concentramos na produção média por trabalhador, que é o meu foco aqui.
Para crescer, é necessário melhorar a nossa produtividade, que está estagnada. Nas últimas duas décadas, o Brasil pouco avançou em sua produção por trabalhador. Esse indicador cresceu somente 19% (menos de 1% ao ano), contrastando com 127% (quase 4% ao ano) no bloco de países emergentes, 35% (1,5% ao ano) na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e 48% (1,8% ao ano) nos Estados Unidos.
O Brasil superou apenas a média dos países latinos e caribenhos, que foi de 12% no período. Mas nosso resultado é muito pouco para um país que tem proporções continentais, precisa crescer sua economia e gerar emprego e renda para uma população de mais de 200 milhões de habitantes. E não é só no setor privado que o Brasil precisa melhorar sua produtividade: o setor público precisa ganhar eficiência em proporção ainda maior, prestar serviços de qualidade e tirar as amarras que nos impedem de avançar.
Em 1994, o produto por trabalhador brasileiro era cerca de US$25 mil ao ano, o equivalente a 31% do americano, então de 82 mil dólares. Em 2016, esse indicador passou para aproximadamente 30 mil dólares, o correspondente a 25% do americano, hoje de 121 mil dólares ao ano.
Sabemos que um dos fatores determinantes da produtividade é a educação. No Brasil tivemos avanços nas últimas décadas, vale destacar. Mas, embora a universalização tenha permitido o acesso à escola de milhões de brasileiros, a qualidade dessa educação continua muito baixa.
Em 1990, ao comparar com América Latina e Caribe (ALC), Emergentes, OCDE e Estados Unidos, o Brasil apresentava o pior nível de escolaridade: um brasileiro de 15 ou mais anos de idade possuía em média 4,7 anos de estudo, ligeiramente abaixo dos Emergentes (5,3 anos).
Outros países da América Latina e Caribe possuíam nível médio de escolaridade de 6,6 anos, da média dos 35 países da OCDE, que são 9,3 anos e dos EUA, um pouco mais de 12 anos. Passadas duas décadas, a escolaridade média brasileira cresceu 68%, chegando a 7,9 anos em 2010, um incremento de 3,2 anos – o maior entre os grupos e países comparados na análise.
Paralelamente, nossos números no PISA – exame que mede a qualidade da educação nos mais diversos países –, não são nada animadores. Nossos alunos pouco aprendem e 55% deles chegam aos 18 anos sem conseguir resolver questões básicas de matemática, por exemplo.
Se queremos melhorar como nação, precisamos ser mais produtivos. Para isso, não só mais anos de estudo, mas também o aumento da aprendizagem via educação de melhor qualidade é fundamental para gerarmos mais riqueza e termos maior renda. Diminuir, portanto, a diferença que temos em relação aos países mais desenvolvidos depende de investimentos focados na melhoria da educação e, consequentemente, dos seus impactos em produtividade.
Como fazer isso? Convido vocês para esse exercício pois ele será muito útil para pensarmos o Brasil dos próximos 20 anos.
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