Nos últimos dois anos, temos nos acostumado com as más notícias no cenário econômico do Brasil. No entanto, vamos destacar um segmento da economia que, mesmo no meio desse momento pouco favorável, consegue se destacar e apresentar índices de crescimento . Estou me referindo ao segmento de TIC (Tecnologia da Informação e Telecomunicações), cujas receitas mundiais atingiram o valor de 3,5 trilhões de dólares no ano de 2013 e, segundo as empresas de consultoria Gartner e IDC, a quantia de 3,8 trilhões em 2014.
Os números e considerações que apresentarei no decorrer desse documento referem-se ao ano de 2013, por estarem devidamente consolidados, mas as prévias que analisamos até o penúltimo trimestre de 2014 mostram que o percentual de cada país na composição das receitas mundiais continuarão nos mesmos patamares.
A primeira constatação ao avaliar o posicionamento do Brasil no mercado mundial é extremamente positiva. Com uma receita total de 145 bilhões de dólares, respondendo por um cerca de 4,1% da receita mundial, o mercado brasileiro de TIC coloca-se na 5ª posição do ranking geral, atrás apenas de grandes potências como os Estados Unidos (27%), China (9,4%), Japão (9,0%) e Reino Unido (4,5%). Vale destacar que, tanto em 2013 como em 2014, o Brasil não superou o Reino Unido devido a um único aspecto da economia que está há anos-luz do cenário britânico, a estabilidade cambial.
Do ponto de visto histórico, vale destacar dois aspectos muito importantes com relação à participação do Brasil nessa visão macro do mercado de receitas de TIC:
1) Em 2010, o Brasil ocupava a 7ª colocação no ranking mundial e superou sucessivamente a França, em 2011, e a Alemanha, no ano de 2012.
2) O crescimento da participação do Brasil no tal geral dessas receitas. Nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil respondia por apenas 1% desse mercado e a evolução contínua nos levou a uma participação superior a 4% das receitas mundiais em menos de duas décadas.
Se olharmos para a América Latina a constatação é ainda mais impressionante. O Brasil é responsável pela geração de 50% de toda a receita com TI e Telecom na região. E em alguns itens como, por exemplo, a comercialização de servidores high-end, o mercado brasileiro corresponde a cerca de 60% de toda a receita apurada nos países latino-americanos. Comparando com as grandes economias da região, os números do Brasil (US$ 145 bilhões) correspondem a praticamente 3 vezes do que se apura no México (US$ 52 bilhões) e 7,6 vezes do mercado argentino.
Ao se realizar a análise, envolvendo os países componentes do grupo denominado BRICS (Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul), o destaque para o Brasil se confirma. Com exceção da China, que vive nas duas últimas décadas o maior crescimento econômico no mundo e conta com um mercado consumidor superior a 1 bilhão de pessoas, as nossas receitas são duas vezes maiores que o apurado na Índia e na Rússia, além de representarem cerca de sete vezes o total de receitas do mercado sul-africano.
Maturidade do mercado brasileiro em TIC
A análise da maturidade tecnológica de um país em função das receitas geradas em seu mercado interno de TI leva em consideração a distribuição dessas receitas por três grandes grupos: Hardware, Software e Serviços. Quanto menos maduro é o país na implementação de produtos/soluções de TI, maior será a participação de gastos com hardware no total de receitas.
A China, por exemplo, apesar de ser o 2º maior mercado de TIC no mundo tem cerca de 85% de seus gastos com TI direcionados para a aquisição de equipamentos de hardware, uma vez que ainda não possui a infraestrutura adequada para a implantação de produtos de software, de soluções e de serviços de TI.
Do outro lado, temos o Reino Unido como o maior exemplo de maturidade de investimentos com TI no mercado interno. Menos de 35% desses investimentos referem-se a produtos de hardware, enquanto mais de 45% estão relacionados à contratação de serviços, numa demonstração clara da evolução da maturidade das empresas britânicas usuárias de TI.
A evolução da maturidade do mercado brasileiro é evidente, mas com os nossos 58% de gastos orientados a hardware, ainda temos um longo caminho a percorrer, visando atingir, no mínimo, à média mundial que se situa no patamar de 49% dos gastos na aquisição de produtos de hardware. Ainda assim, nossa distância em relação aos demais países do BRICS e aos países emergentes na questão maturidade é significativa, já que os gastos com hardware em todos esses países correspondem a mais de 60% das suas receitas internais totais com TI.
Em resumo, o segmento de TIC mostra, e deverá continuar mostrando, grande crescimento nos próximos anos e, certamente trata-se de uma das principais áreas de atratividade para estudantes e profissionais que buscam melhores oportunidades no mercado de trabalho. Afinal de contas, como já escrevi anteriormente, o mercado brasileiro de TI, se ressente de um contingente de pelo menos 50.000 profissionais qualificados para atender à sua demanda atual. Parece bem atrativo, né?
Informe-se, entenda esse mercado e avalie se você pode se qualificar e se inserir num segmento que cresce como poucos e de forma sustentável em nosso país e também no mundo. Boa sorte!