Desde quando escrevi o artigo “Prazer, sou um presentista”, tenho me apresentado dessa forma. E o impacto nas pessoas é muito forte. Sempre.
Minha explicação, quando me apresento, é a seguinte:
“Sou um presentista. Embora todo presentista seja também um futurista, meu foco principal é facilitar a aprendizagem desse futuro já presente, mas conhecido por tão pouca gente”.
No fundo, o que me move é isso.
É ver um número gigantesco de pessoas que não estão conectadas a uma sociedade em transformação. Pior, quando começam a entender, a tal da curva exponencial vem e derruba perguntas e respostas.
Entre papos, palestras, workshops e webinários, devo ter falado com milhares de pessoas nesse tempo. Na grande maioria das vezes, sobre transformação digital ou pensamento exponencial. Mais de 95% não foram apresentadas ao conhecimento estrutural para sacar o que está acontecendo no mundo.
E o que me incomoda mais é ver muita gente que poderia ajudar esse grupo optar por uma abordagem que mais assusta do que aproxima.
Seja por excesso de inglês, seja por estarmos olhando para depois de amanhã e depreciando quem não entendeu o hoje. Ou até por um ambiente tão descolado que faz o profissional tradicional se sentir deslocado.
Desprezamos a inovação científica somente porque já apareceu em redes sociais. Cases clássicos como Uber, Airbnb e Waze, embora ainda ajudem muito na compreensão das mudanças que vivemos, já não servem mais.
Tudo isso faz com que exista um grupo de “esquecidos”.
São os profissionais médios das empresas, que nunca ouviram falar de futurismo, Singularity University ou Organizações Exponenciais. Que são atropelados pelas entregas diárias, mensais e trimestrais. Que às vezes até sabem sobre a tal transformação digital, mas não foram de fato convidados - ou seduzidos - para aprender sobre isso.
Eles foram esquecidos pelos novos “treinamentos de inovação”. Sozinhos, tentam buscar, de maneira meio acanhada e despreparada, um caminho para entender como se preparar para o futuro.
Mas neste momento, vivemos um fetiche pelo “por vir”.
Especialmente se esse “por vir” atingir alguns dos extremos da espécie humana: embriões perfeitos ou vida eterna, ócio remunerado para todos ou robôs destruindo os salários.
Como consequência, quem realmente entendeu e pode ajudar um grupo de pessoas a chegar de maneira plena em 2020, está em cima de uma torre, olhando para 2030.
O presentista está mais preocupado em explicar o que já sabemos sobre o futuro que já chegou do que disputar quem está enxergando mais longe.
Ele faz a ponte, conecta os pontos, convida para o aprender.
Como ser um presentista? Alguns atributos importantes são:
1) Não superioridade - o presentista se sente no mesmo nível do aprendiz. Temos todos excitação pelo futuro e prazer por aprender. Não saber algo óbvio não torna qualquer pessoa menor.
2) Antes do ensino, o convite – criar um ambiente seguro em que todos se sintam convidados para aprender, sem medo de não pertencer a um grupo somente por não saber quem é Peter Diamandis.
3) Todos podemos ser presentistas – se alguém entendeu um pouco mais, pode e deve disseminar esse conhecimento para outras pessoas. Não são só os especialistas que são autorizados a falar de transformação e futuro.
4) Uma nova lente para o futuro – mais do que conteúdo, um presentista ajuda o aprendiz a criar sua própria forma de ver e compreender os futuros possíveis.
Em 1970 (ou seja, há 50 anos!), a Unesco propôs a urgência da Aprendizagem ao longo da vida para o desenvolvimento da humanidade. O receio era que se o adulto (ou a sociedade) não entendesse que é preciso aprender sempre, surgiria uma nova classe de iletrados.
Podemos estar à beira disso.
Os presentistas precisam agir.