Sempre que me perguntam qual formação melhor prepara um futuro CEO, digo que para mim a área militar colaborou muito. Minha passagem pelo IME (Instituto Militar de Engenharia) me preparou para a hora de criar meu próprio negócio e, ao longo desses seis anos à frente do GetNinjas, tem me ajudado a liderar uma empresa com alto potencial de crescimento e com desafios proporcionais ao tamanho do negócio.
Há tempos o exército tem sido não apenas uma opção para quem quer seguir carreira estável, como também um grande preparatório para aqueles que desejam investir no próprio negócio. Muito deve-se ao fato das escolas militares focarem nas disciplinas de ciências exatas, o que ajuda a desenvolver habilidades aprofundadas de administração do próprio negócio.
Além do foco analítico e matemático, a escola militar passa lições importantes para a formação profissional e prepara para grandes desafios, como trabalho em equipe, ética, determinação e autonomia. Talvez por isso, muitos dos meus colegas de faculdade militar também tenham seguido carreira solo ou assumiram cargos importantes em grandes empresas.
Uma dessas lições é o que chamamos na academia de Espírito de Corpo, um conceito que todas empresas deveriam conhecer a aplicar. Consideramos que todos os membros são úteis e necessários e, juntos, fazem o grupo evoluir melhor.
Outra lição que temos no exército e levamos para a vida profissional é que o sanhaço une. Essas situações extremamente difíceis, instáveis e preocupantes pelas quais os militares passam são muito importantes para a formação, porque ensinam e preparam para qualquer grande desafio que venham a ter na hora de empreender.
Nos Estados Unidos, a escola da marinha tem uma longa trajetória na formação de SEALs (Força de Operações Especiais da Marinha dos EUA), que é capaz de operar no mar (Sea), no ar (Air) e em terra (Land) que investiram no próprio negócio. O treinamento concedido lá tem exigências altas de disciplina, tenacidade e desempenho de equipe. Essas lições têm ajudado a formar muitos dos empreendedores do país.
Em Israel, país considerado o segundo mais empreendedor do mundo – apenas atrás dos EUA, guerra e empreendedorismo fazem parte do dia a dia de civis e militares. As crianças são estimuladas pelos governo, pais e professores a pensar de forma inovadora e ganhar dinheiro tanto quanto são incentivadas a servir o exército.
Esse caráter empreendedor do israelense foi moldado pelas frequentes batalhas nas fronteiras. Homens e mulheres israelenses são convocados desde cedo a servir o exército e têm a oportunidade de aprender técnicas de guerra, como atomada de decisões rápidas, autonomia e a criar soluções de segurança para defender o país. Isso tem ajudado a formar uma sociedade que sabe tomar riscos e empreender. De lá nasceram negócios como Waze, Moovit, Mirabilis (ICQ) e Check Point, que ganharam o mundo e mudaram a forma como hoje nos locomovemos, comunicamos (por mensagem instantânea) e garantimos a segurança de dados digitais.
Sem dúvida que experiências difíceis nos preparam melhor para novos desafios na vida. Aqui no Brasil ou em outros países do mundo, como EUA e Israel, o exército continua a indiretamente formar grandes executivos, mais bem preparados para se arriscarem no mercado, além de ajudar a lançar negócios inovadores que impactam na forma comovivemos.