Como Alinhar Mente e Coração Para Conquistar Melhores Resultados.

Desde a revolução industrial, no século XIX, a humanidade vem perdendo muito de sua essência e se mecanizando, focando mais nos aspectos externos e menos no seu “eu” interno. Estamos chegando a um momento no qual precisamos fazer um resgate das nossas culturas ancestrais, como a chinesa, a celta, a maia, egípcia, tibetana e outras, recuperando delas todo um precioso conhecimento que está se perdendo. Voltar a fazer a ponte entre ciência e espiritualidade, para as quais o coração sempre foi fonte de sabedoria inconsciente.

Depois de estudiosos como Rudolf Steiner, Freud (que chegou para mostrar que “existe gente aqui dentro”), e outros, os estudos sobre o ser humano desenvolveram-se e multiplicaram-se. E hoje, fala-se muito em colaborar, compartilhar, ajudar, co-criar. Essa transição entre a visão com cerne individualista para essa nova forma de entender o mundo que está surgindo, mais coletiva, não acontece sem razão definida. Um dos motivos é o aprofundamento dos estudos que mostram a conexão existente entre a humanidade e o próprio planeta: o coração.

Nosso coração é o órgão que gera o maior campo eletromagnético. E esse campo é capaz de influenciar todos os outros órgãos, inclusive o cérebro. Nosso coração possui mais de 40.000 neurônios!

"O cérebro do coração permite que ele atue independentemente do cérebro craniano para aprender, lembrar e até perceber e sentir”.

J. A. Armor, J. L. Ardell, Neurocardiology, Oxford Univ. Press, 1994.

O coração humano interage e ajuda a orquestrar nossos processos mentais, emocionais e físicos com notável inteligência e versatilidade.

Assim, podemos dizer que existe a inteligência do coração, e que esta pode ser melhor acessada. Mas como chegar até ela?

Na prática, podemos estimular a inteligência do coração com bons sentimentos, que visam o bem comum. É a partir deles que você conecta seu cérebro do coração ao seu cérebro craniano, resultando em melhorias em:

• Memória de longo prazo

• Estabilidade emocional

• Hábitos, padrões de relacionamento, vícios

• Funções involuntárias do corpo

• Emotividade

• Estágios de desenvolvimento

• Conexão espiritual

• Intuição

Isso porque, quando estamos emocionalmente equilibrados, nossa função cognitiva é facilitada, influenciando o cérebro no processamento emocional, na atenção, na memória, na comunicação, na resolução de problemas, dentre outras atividades cotidianas na nossa vida pessoal e profissional.

Steve Jobs disse, no discurso como paraninfo de uma turma na Stanford University: “... e, o mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário”.

Essa conexão/alinhamento entre o cérebro do coração e o cérebro craniano, quando exercitada, fortalece-nos, amplia nossa resiliência, aprofunda nosso autoconhecimento e aprimora a nossa relação com o mundo. E todos esses fatores contribuem para o exercício profissional, na liderança na vida corporativa e, em especial, no desempenho da liderança.

Em uma pesquisa feita pelo HeartMath Institute com 11.903 participantes, a prática desta “conexão” por 6 a 9 semanas resultou melhorias em:

• 24% na capacidade de foco

• 30% na melhora no sono

• 38% na melhora na calma

• 46% de queda na ansiedade

•48% de queda na fadiga

• 56% na queda na depressão

As pesquisas científicas que vêm sendo realizadas pelo Instituto HeartMath apontam que a inteligência do coração, quando integrada à inteligência do cérebro, permite que objetivos profissionais e de vida sejam mais facilmente alcançados, sendo essa combinação a nova “inteligência” para buscar o sucesso individual e corporativo. As pesquisas têm demonstrado, ainda, que o pilar de controle dos sistemas corporais e do nível geral da saúde é o coração, bem como dos programas que permitem o domínio dessa força emocional/sentimental.

Uma das maiores crenças errôneas sobre liderança é a de que emoções minam a capacidade de tomar boas decisões e, portanto, não têm lugar no ambiente de trabalho. No entanto, estas pesquisas têm deixado claro que é justamente a repressão dos sentimentos que inibe as funções humanas. E essas são responsáveis pela bioquímica do corpo humano, determinando o nível de engajamento no trabalho. No curto prazo, técnicas para conexão de mente e coração deverão integrar os processos de treinamento e desenvolvimento (T&D).

Eu costumo dizer que “o melhor treinamento é o exemplo do líder”. Ken Blanchard, em seu livro “Liderança de Alto Nível”, mostra que o conceito tradicional de liderança, que foca apenas em resultados, deu lugar a um novo conceito, que sublinha a importância de pensar no todo e não somente na parte. Assim, as empresas precisam ter um propósito significativo, indo além do lucro, oferecendo sentido à vida de seus líderes e liderados, criando uma cultura que emana energia positiva, conectando todos os seus públicos, ajudando a tornar este planeta um lugar melhor para se estar.

Essa energia positiva se integra com o campo eletromagnético, capaz de nos conectar a todos. Afinal, a empresa nada mais é que um microcosmo formado por pessoas e, como tudo, ligado a um campo universal. Dentro dessa perspectiva, é preciso lembrar que uma empresa é formada por pessoas, que podem estar em consonância um com os outros e com a própria organização. E essa integração se faz pela união da visão, propósito e cultura, na mente e coração dos líderes e liderados.

Estamos vivendo um novo tempo, no qual embora vivamos permeados pela tecnologia, necessitamos reaprender a fazer mente e coração trabalharem em uníssono, para a construção de microcosmos harmônicos que culminarão na consequente criação de um ambiente corporativo mais completo, integrado e humano.