Amar é aceitar a não luz do tempo.
É assumir total ignorância,
reconhecendo a impotência sobre os ponteiros.
É perder controle, arrogância,
já que o relógio da paixão ilude os mais astutos.
Um dia na ausência terá 80 horas,
e na saborosa presença, 8 minutos.
A mais firme realidade se desmancha
e as crono-certezas evaporam.
Pode-se planejar diante disso tudo?
O medo chega. Inevitável.
E faz dizer que não se quer quando se deseja.
E mais se tenta fugir quanto mais ficar se almeja.
Contudo o elo existente convida ao presente inexorável.
Relaxar na inconstância.
Viver o universo dos sabores diminutos.
No escoar dos dias deixar o coração mudo.
Admirar a cascata dos dias.
Encantar-se com o desvirginamento dos dias.
E construir uma história dia após dia.
Feliz de quem percebe que amar
é gostar da escuridão do relógio.
Sem passado. Sem futuro.
Sem ansiedades felizes ou esperanças sombrias.
É perpetuar o doce mergulho
nesse oceano feliz sem garantias...