De que o Brasil se torne uma Venezuela? Ou de que voltemos a viver numa ditadura militar?
Jeff Garmany, geógrafo, professor do King’s College, que estuda o Brasil há 18 anos, duvida que cheguemos a tais extremos. Numa entrevista recente à BBC, Garmany disse que, apesar do simbolismo da escolha do vice de Jair Bolsonaro ter recaído sobre um general e da vice de Fernando Haddad pertencer ao Partido Comunista do Brasil, não enxerga nenhum desses cenários para o futuro do País.
Se as projeções de Garmany nos confortam em relação aos aspectos políticos e sociais, elas são igualmente reconfortantes no que tange os nossos investimentos. Isto porque, quando você se deixa dominar pelo medo, suas decisões podem colocar seu portfólio sob risco desnecessário. Ainda mais se o medo for injustificado.
Portanto, não paute suas decisões sobre investimentos sob a ótica traçada pelas narrativas de ambas as campanhas presidenciais. Isso poderá levá-lo a enxergar somente riscos onde também há oportunidades de ganhos.
É natural que os preços dos ativos, seja de renda fixa ou de renda variável, oscilem ao sabor das pesquisas eleitorais. Mas a verdade é que, na Bolsa, por exemplo, as ações ainda estão muito baratas, se comparadas ao patamar em que eram negociadas antes de entrarmos na profunda recessão dos últimos dois anos e, mais ainda, se olharmos o patamar em que estavam no primeiro semestre de 2008. – aqui é 2008 mesmo ou era pra ser 2018?
Na renda fixa, há iguais oportunidades mesmo com as taxas básicas de juro relativamente baixas. No mercado futuro de juros, já é possível ver um movimento de alta, refletindo as expectativas para o próximo governo. Também devem se abrir possibilidades de ganhos com debêntures que financiarão os projetos de infraestrutura tão necessários.
E em relação ao câmbio? Tanto nos movimentos de alta como nos de baixa, há chances de ganhos, mas desde que o comando das operações seja confiado a um especialista do mercado que, definitivamente, não é para amadores.
Isso sem falar nas diversas oportunidades nos mercados de private equity (fundos que investem em empresas que ainda não são negociadas na Bolsa), de startups de tecnologia e de outros mercados que tendem a crescer numa economia com taxa de juro de um dígito.
É claro que os desafios e os riscos sempre existem, mas eles não refletem diretamente o que têm dito os candidatos à presidência em suas campanhas eleitorais. Porque, no momento, parece não convir a eles detalhar seus projetos econômicos para o País. Trata-se, certamente, de estratégia para não afastar eleitores discordantes; puro cálculo de propaganda.
Como, se eleito, enfrentará o grande problema fiscal, que afasta investimentos do País? Disso, nenhum dos dois quer falar. O tema é amargo e impopular, pois exigirá enormes esforços de toda a sociedade.
Contudo, acredito que o encaminhamento desse problema seguirá, ao menos no curto prazo, a mesma receita, independentemente daquele que for eleito. No médio e no longo prazo, aí sim, conheceremos os reais planos de cada um para o País.