No último baile de Carnaval da “Vogue”, a cena que mais me surpreendeu foi a dos taxistas na porta protestando contra o Uber. Quem diria, há pouco tempo, que o mercado de táxis paulistano estaria tão vulnerável a um software criado por uma empresa de San Francisco?
Se isso aconteceu com os taxistas de São Paulo, pode acontecer com todos nós.
Softwares e seus aplicativos, produtos da pura engenhosidade humana, estão comendo o mundo. Melhor se mexer antes que comam você e o seu negócio também.
A pesquisa global de presidentes-executivos da PwC, com 1.300 entrevistas em 77 países, apontou neste ano a capacidade de se adaptar (“adaptability”) como o principal atributo para as empresas prosperarem no futuro.
É preciso saber mudar.
Saber mudar pode ser até mais importante do que saber o próprio negócio, porque o nosso negócio pode mudar, evoluir, acabar, mas o mercado permanece, nossas relações com o mercado também, e isso vale muito.
Cada vez mais as empresas descobrem novas vocações alavancadas pelas novas tecnologias. A IBM é o exemplo. Você sabe que ela é uma grande empresa, mas sabe o que ela faz hoje? Depois de vender suas unidades de hardware, ela se transformou numa empresa de tecnologia e consultoria corporativa.
Sua presidente-executiva, Ginni Rometty, dizia outro dia na TV Bloomberg que a IBM está focada em três grandes eixos “revolucionários” e “espetaculares” que comandam e comandarão os negócios: dados, nuvem e mobilidade. É por aí que ela vai conduzir sua centenária empresa, que um dia ganhou marca e dinheiro construindo computadores.
O McDonald’s é outro gigante que inteligente e humildemente está mudando. Seu novo presidente-executivo, Steve Easterbrook, lembra a todos, em webcast de 23 minutos, que a empresa tem escala e alcance, capital e talento, mas, após vários trimestres decepcionantes, tem de mudar. “Nenhuma marca tem direito divino ao sucesso”, disse com propriedade. A empresa tenta se adaptar a mudanças nos hábitos alimentares, na concorrência e na tecnologia.
Na pesquisa da PwC, os presidentes-executivos apontam três fatores para o sucesso na busca de mudança e adaptabilidade: 1) gerar valor de novas formas usando as novas tecnologias; 2) desenvolver parcerias diversas e dinâmicas; 3) descobrir formas diferentes de pensar e trabalhar.
O relatório traz o exemplo de várias empresas que repensaram toda a sua cadeia de produção e suas conexões, abriram novos caminhos e agregaram novos valores. Como uma cimenteira do México que se expandiu em países emergentes na área de microfinanças e no mundo todo com soluções de infraestrutura. Fez isso a partir de sua capacidade de inovação e suas relações com diferentes parceiros.
Já se foi o tempo, como naquele fantástico anúncio da Apple, em que os gênios da mudança eram os desajustados, os loucos, os rebeldes, os arruaceiros. Hoje eles estão dentro das corporações e das start-ups, de terno e gravata ou moletom, de olho nas novas tecnologias e nas conexões, multiplicando capacidades em busca de novas soluções.
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