O que é Agronegócio?
O Agronegócio é o aglomerado de várias atividades que envolvem direta ou indiretamente toda a produção agrícola e pecuária, o que inclui, desde a produção de grãos e animais, passando pela produção de adubos, fertilizantes e têxteis, e chegando até frigoríficos e a produção de biocombustíveis.
É uma atividade econômica dividida em quatro ramos: insumo (fertilizantes, defensivos, máquinas agrícolas, rações e medicamentos para animais), primário (algodão, arroz, banana, feijão, batata, soja, uva, madeira, lenha/carvão, etc.), agroindústria (produtos de madeira, celulose, móveis, açúcar, óleos vegetais etc.) e agrosserviços.
A Balança Comercial do Agronegócio de maio de 2019, destaca que 5 setores: soja, carnes, produtos florestais, complexo sucroalcooleiro e café, representam 85,3% do total de R$ 9,89 bilhões, com uma forte tendência de expansão, principalmente, para os países da Asia, União Europeia 28 – UE 28, NAFTA e Oriente Médio.
O agronegócio é uma atividade fundamental para o nosso desenvolvimento econômico e social. Portanto, demanda políticas e ações de comercialização, distribuição, competitividade, inovação e de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) adequadas a nossa realidade industrial e necessidades dos nossos trabalhadores que atuam nas diferentes cadeias produtivas ou ciclos do Agronegócio.
Ciclo do Agronegócio
Além da parte que envolve a toda a produção agrícola e pecuária, o Agronegócio engloba também tudo que se relaciona com a parte produtiva, seja o marketing, transporte, serviços financeiros, etc., a junção de tudo isso que forma esse ciclo de uma cadeia de produção.
É comum dividir este ciclo em três etapas, a primeira é onde se enquadram os negócios das indústrias que fornecem os insumos para a produção rural, conhecidos como “pré porteira“, são por exemplo, os fabricantes de maquinários agrícolas, de fertilizantes e até mesmo bancos e financeiras.
A segunda etapa, já engloba os negócios rurais propriamente ditos, conhecida como de “dentro da porteira“, em outras palavras, são basicamente os produtores rurais em si, sejam os grandes ou pequenos, envolvendo pessoas físicas e jurídicas, englobando dos agricultores familiares às grandes indústrias da agropecuária.
Já na terceira etapa, chamada de “pós porteira“, é onde se encontra toda a logística de levar o produto agrícola até o consumidor final, envolvendo o transporte, o processamento e a venda destes produtos, é nesta etapa que encontramos os supermercados, os frigoríficos, as indústrias têxteis, entre outras.
Principais produtos
No geral, a produção agrícola têm seus principais produtos divididos em quatro ramos, que são:
Alimentos
É o que abrange toda a produção alimentícia advinda de produção rural, como: folhas, verduras e legumes, produção de grãos, frigoríficos, fabricação de embutidos, gado de corte, produção de leite, etc.
Biocombustíveis
Nesse setor são cultivadas as plantas que posteriormente podem se transformar em combustível orgânico, vide como exemplo o uso da cana de açúcar na produção de etanol.
Têxtil
É onde os bens agrícolas e pecuários são transformados em peças de vestuário, como roupas, calçados, etc. Um exemplo de bem agrícola usado nesse ramo, é o algodão, e um exemplo de bem pecuário, está na criação de ovelhas para o uso da lã.
Madeira
É onde se encontra a exploração do solo para o cultivo de árvores, que posteriormente podem vir a virar insumos para outras indústrias, como no uso das Seringueiras para a fabricação da borracha, madeiras para a construção civil, etc.
Questão ambiental e sustentabilidade
O grande avanço da indústria agropecuária e sua enorme capitalização, em contraste com o constante aumento da população, gerou uma necessidade de se produzir cada vez mais, o que acabou levando à enormes impactos no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas.
Os impactos são diversos e eles são advindos de diversas práticas, como: o uso extensivo de agrotóxicos, que acaba contaminando o solo, água e ar; o aumento do desmatamento para abrir espaço para pasto e plantações; um desequilíbrio ecológico, causado pelo desmatamento que está levando diversas espécies à extinção, pelo fato de seus habitats estarem diminuindo cada vez mais; a degradação do solo, proveniente de cultivos extensivos que acabam com os nutrientes do solo, tornando-o improdutivo; fora diversos outros problemas como uma enorme produção de lixo, poluição e o grande gasto de água.
Todos estes problemas, trazem atualmente como maior desafio para o Agronegócio, uma produção sustentável, que minimize ao máximo os danos causados à natureza e que não dependa de bens não renováveis, como fertilizantes e combustíveis fósseis para o transporte.
Impactos Ambientais no Brasil
Ao fim de 2018, a participação do Agronegócio no PIB brasileiro era de 21,6%, o que mostra o quão grande é a participação dessa área na nossa economia, e apesar das crises recentes e da nossa economia estar cada vez mais retraída, o Agronegócio continua crescendo e, ao mesmo tempo, influencia o crescimento dos problemas ambientais.
Desmatamento: É a maior consequência do avanço do Agronegócio Brasileiro, o Cerrado já perdeu 50% de sua área e é o bioma mais ameaçado de todo o continente americano, a Mata Atlântica já perdeu mais de 70% de seus mamíferos.
Apesar da sustentabilidade ser o maior desafio atual para o Agronegócio, no entanto, o Brasil não anda apresentando avanços, pelo contrário, vem regredindo, no mês de Junho de 2019, o desmatamento da Amazônia foi 88% maior em relação ao mesmo mês do ano passado, sendo a Pecuária responsável por 65% do desmatamento desse bioma e em algumas declarações recentes, o governo se posicionou dizendo que as áreas protegidas dificultam o progresso do país e que elas serão reduzidas.
Degradação e contaminação do solo: As práticas de cultivo inadequadas, o uso recorrente de maquinário agrícola e falta de uma rotatividade de culturas, acaba esgotando os nutrientes do solo e o tornando improdutivo, fato que causa danos para os próprios ruralistas, além disso, o Brasil e é o país que mais faz uso de agrotóxicos no mundo e o uso abundante deles contamina o solo e acaba atingindo até lençóis freáticos.
Esgotamento dos mananciais: Em todo o processo de produção agrícola se usa muita água, para se ter uma noção, para 1 quilo de carne bovina, são gastos pouco mais de 15000 litros de água e em um estudo feita pela ANA (Agência Nacional de Águas), estima-se que o consumo de água no Brasil aumente em 24% até 2030, com o Agronegócio puxando essa estatística.
Agronegócio no Brasil
Como mencionamos anteriormente, o Agronegócio é uma das principais, se não a principal, alavanca da economia do nosso País, sendo responsável por quase 22% do PIB nacional e em constante expansão, fora isso, segundo o CEPEA, nos três primeiros meses de 2019, a População Ocupada no Agronegócio brasileiro foi de 18,07 milhões de pessoas trabalhando nos setores de produção rural, mostrando o tamanho do mercado de trabalho no agronegócio nacional.
O valor bruto da produção do Agronegócio na safra de 2019 se deu em torno de R$ 564,32 bilhões, com o estado do Mato Grosso sendo o maior produtor com R$ 82,8 bilhões, de todo esse valor de 564 bilhões de reais, R$ 372,07 bilhões são provenientes da agricultura e R$ 192,24 da pecuária.
Alguns estudos apontam que o Brasil caminha para se tornar o maior produtor de alimentos no mundo. Pela opinião dos especialistas esse avanço se deve a alguns fatores:
Em 2019, o Brasil se encontra como o maior produtor mundial de cana de açúcar, de café e de laranja, sendo também o maior exportador de açúcar, de café e de suco de laranja.
Agricultura familiar
A agricultura familiar é o cultivo realizado por pequenos proprietários rurais, em pequenas ou médias propriedades, que tem como mão de obra a própria família, em contraste com a agricultura patronal, que possui funcionários contratados e de médias para grandes propriedades.
Mas porque estamos falando sobre agricultura familiar? Estamos falando dela devido a sua grande importância para a economia e para o agronegócio, alguns números apontam que até 2015 a agricultura familiar era responsável por 80% da produção de alimentos no mundo e de 90% de todas as propriedades agrícolas, ou seja, quase toda a parte de produção agrícola é familiar.
No Brasil, 70% dos alimentos que chegam às nossas mesas são provenientes de agricultura familiar e a nossa agricultura familiar é, nada mais nada menos, do que a 8ª maior produtora de alimentos do mundo! Sendo que, segundo o Censo agropecuário, 84,4% das propriedades rurais brasileiras são familiares, das quais, metade delas se encontram no nordeste.
Tecnologia no Agronegócio
E como em tudo nos dias atuais, a tecnologia também possui diversas aplicações dentro do Agronegócio e hoje já podemos notar, aplicativos, sensores, drones e plataformas para assinatura digital presentes no cotidiano do trabalhador rural.
Levando em conta que o setor agropecuário tem de lidar com diversas variáveis, como condição climática, peso dos animais, quantidade de comida para os animais, estado do solo e muitas outras, já era de esperar que a tecnologia seria de grande serventia para essa área.
Das principais tecnologias utilizadas no campo hoje em dia, nós temos como principais exemplos os drones, aeronaves não tripuladas equipadas com câmeras, que sobrevoam as plantações, registrando imagens, identificando o surgimento de pragas e acompanhando o desenvolvimento da lavoura, além disso, na pecuária, também pode auxiliar na contagem do rebanho.
Um outro bom exemplo é o uso de sensores dentro de plantações, que são capazes de passar informações meteorológicas, do solo e até mesmo das plantas, dando ao produtor a condição de tomar decisões maia assertivas, reduzindo o prejuízo e otimizando o tempo de produção.
SST no Agronegócio
Os trabalhadores rurais são expostos à vários riscos nos seus ambientes de trabalho. Neste sentido, os principais riscos do agronegócio são:
Os trabalhadores também estão passíveis a sofrer acidentes de trabalho, como quedas de caminhão, acidentes com tratores, mordidas de animais, quanto à doenças ocupacionais, ocasionadas por levantamento de peso, esforço repetitivo, perfurações, cortes ou pancadas ocasionadas pelos instrumentos de trabalho.
Infelizmente, dentro dos setores do agronegócio, principalmente o da produção agropecuária em si, os requisitos de SST não são atendidos de maneira adequada. Observa-se que e apesar da criação da NR 31, a negligência nessa área ainda é grande, deixando os trabalhadores em situações precárias.
Ainda mais no interior do país, onde podem se encontrar um grande número de trabalhadores informais, com salários baixíssimos e até mesmo crianças realizando trabalho braçal e expostas à todos aqueles riscos citados acima.
Como um blog voltado para a segurança do trabalho, destacamos a importância do cumprimento das NR’s, o controle adequado de EPI, a realização rotineira de inspeções de segurança e uma real implantação da cultura de SST no campo!
Conclusão
Ao fim deste artigo, podemos ter uma boa visão do que é o Agronegócio e como ele influencia a nossa rotina e o mundo todo, sendo peça principal da sociedade desde os séculos passados, porém seu grande avanço nos trás alguns alertas, como os impactos ambientais e a precariedade dos trabalhadores rurais.
O agronegócio sustentável é primordial para os próximos anos, assim como utilizar práticas de SST dentro das lavouras, cilos, fazendas e etc. O Agronegócio é importante e não precisa ser prejudicial.
Artigo por: On Safety