O vício dos adolescentes em redes sociais e o consumo de conteúdo infinito se converteu em uma preocupação tão grande que a União Europeia decidiu criar um regulamento para o uso ético das redes sociais. O objetivo é implementar um design que substitua o mecanismo de “rolagem” no feed das redes sociais, algo que os especialistas apontam como um dos principais motivos do vício, já que impossibilita saber o tempo real gasto na plataforma. Além disso, se o próprio pai do IPad, IPod, IPhone, Steve Jobs, não deixava que seus filhos tivessem muito contato com a tecnologia — limitava o tempo de uso deles — seria porque, provavelmente, imaginava que as redes sociais poderiam afetar os mais jovens.
A verdade é que, no parecer de muitos especialistas, o uso das redes sociais — incluindo aplicativos de mensagens instantâneas — pode chegar a criar sérias dependências com suas respectivas consequências: ansiedade, depressão, irritabilidade, isolamento, distanciamento da vida real e das relações familiares, perda de controle, etc. Mas, o que realmente entendemos como dependência?
A Real Academia da Língua diz que o vício é uma dependência de substâncias ou atividades nocivas para a saúde ou equilíbrio psíquico. Entre essas atividades estão, por exemplo, o uso de videogames — já catalogado como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) —, o trabalho compulsivo, o jogo on e offline e, para muitos, também a utilização excessiva de redes sociais que, na realidade, já contam com com 5 bilhões de usuários ativos em todos o mundo (62,3% da população mundial). Outro dato a destacar é que esse grupo passa, em média, 2 horas e 23 minutos por dia conectado nas redes sociais, além de que gastam quase 7 horas diárias na internet e utilizam pelo menos 6,7 plataformas de redes sociais por mês. No entanto, apesar dos elevados números, os especialistas consideram que só uma pequena porcentagem dessas 5 bilhões de pessoas mostra uma verdadeira dependência das redes sociais.
Causas e perfis das pessoas dependentes das redes sociais
Entre as causas mais reconhecidas da dependência das redes sociais se encontra a baixa autoestima, a insatisfação pessoal, a depressão ou hiperatividade e, inclusive, a falta de afeto, carência que muitas vezes os adolescentes tentam preencher com os famosos likes. De fato, muitos jovens os procuram quase compulsivamente para experimentar uma intensa — mas sempre breve — sensação de satisfação que, no entanto, pode ser contraproducente uma vez que os tornam dependentes, ao longo do tempo, da opinião dos outros.
O perfil majoritário do dependente é o de um jovem de 16 a 24 anos. Os adolescentes são os que correm um maior risco de cair na dependência, de acordo com os especialistas, por três motivos fundamentais: sua tendência para a impulsividade, a necessidade de terem influência social ampla e expansiva e, finalmente, a necessidade de reafirmar a identidade de grupo.
Sherry Turkle, psicanalista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), pesquisou extensamente o impacto das redes sociais nas relações e afirma que estas debilitam os laços humanos. Em seu livro Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other descreve detalhadamente os impactos negativos de estarmos constantemente conectados, o que paradoxalmente já implica uma certa sensação de solidão. Tal como ela mesma afirma "os laços que formamos através da Internet não são, no final, os laços que unem, mas sim os laços que preocupam".
Os especialistas explicam que a particularidade das redes sociais é que o seu uso contínuo por parte dos jovens também pode levar a outros problemas, como insegurança, isolamento da vida real e das interações cara a cara e perda da qualidade do sono.
O relatório anual sobre redes sociais e tendências digitais Digital 2024 constatou que a plataforma favorita dos usuários é o Instagram, enquanto que o TikTok leva o prêmio pelo maior tempo gasto por mês (34 horas por usuário por mês).
Sintomas da dependências das redes sociais
O que determina a dependência? A fronteira é difusa, mas existem alguns indícios que dão bastantes pistas sobre se essa dependência das redes sociais existe ou não, embora a última palavra corresponda sempre a um profissional médico. Estes são os tiques mais habituais:
Como prevenir a dependência das redes sociais
Assim como acontece com todas as dependências, prevenir é mais fácil do que remediar. Neste sentido, existem algumas práticas simples que são muito eficientes para evitar esse uso excessivo das redes sociais que acaba desencadeando a dependência. Entre as mais eficientes se encontram as seguintes:
Estabelecer um tempo mínimo de 15 minutos entre conexões.
Prescindir do celular em momentos-chave do dia (café da manhã, almoço ou jantar).
Desativar as notificações automáticas.
Ativar o modo silencioso do celular e não utilizá-lo, nem como relógio, nem como despertador, para evitar a tentação.
Estabelecer um tempo mínimo por dia para desenvolver atividades totalmente desconectadas — como praticar esporte, ler ou ouvir música.
Reduzir o número de amigos nas redes sociais.
Eliminar aplicativos e abandonar grupos de WhatsApp prescindíveis.
Artigo por: Iberdrola
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