Essa diferença está enraizada em nossa sociedade sob a forma do machismo, muito em função de uma cultura patriarcal ultrapassada. Isso porque a estrutura familiar e as relações sociais antigas colocavam o gênero masculino no lugar mais elevado da pirâmide social.
Os homens trabalhavam fora, tomavam as decisões e impunham suas vontades às suas esposas e filhos. Entretanto, desde crianças, também fomos ensinados a diferenciar as pessoas pelo gênero, o que reforça o preceito de que é preciso rotular as pessoas e, consequentemente, prejulgá-las.
Neste artigo discutimos sobre a desigualdade de gênero, suas causas e consequências em nossas relações sociais. Vamos lá?
Quais as origens e causas da desigualdade de gênero?
É necessário reforçar que o gênero, determinado pelos cromossomos em nossa genética, não é um parâmetro para definir nossos direitos e deveres nas relações sociais. No entanto, historicamente, as mulheres receberam um papel de submissão na pirâmide social.
Enquanto os homens trabalhavam fora, tinham direitos políticos e podiam estudar, as mulheres cuidavam da casa e dos filhos. A superioridade financeira masculina potencializava a dependência da mulher e limitava o seu poder de escolha. Além disso, a percepção coletiva de que essa formação social está errada demanda muitos fatores, tornando o processo lento.
Até hoje os meninos ganham foguetes, aviões, kits de ciências ou carros conversíveis, enquanto as meninas brincam de casinha e bonecas. Sem perceber, as famílias educam suas filhas mulheres a terem atribuições domésticas e serem submissas aos seus companheiros.
Por isso, esses fatores muitas vezes estão intrínsecos em nossa cultura. Algumas causas da desigualdade de gênero abrangem a existência e perpetuação de conceitos normativos, que reforçam a necessidade de rotular pessoas e estabelecer uma divisão.
Além disso, a falta de representatividade, evidenciada pela predominância de símbolos culturais masculinos — grandes pensadores, figuras históricas e até seres mitológicos que são predominantemente homens —, dificultam essa mudança na percepção da sociedade.
Logo, superioridade econômica e questões culturais são fatores que contribuem para a desigualdade de gênero. Entretanto, essa diferenciação pode ser atribuída a outras questões. O que justificaria a existência de mulheres que perpetuam o discurso machista?
Como explicar que mulheres brancas simpatizam mais por homens brancos do que por mulheres negras, ou que mulheres de classes sociais mais altas se solidarizam mais por homens da mesma classe que mulheres de classes inferiores?
Por muito tempo, a mulher foi considerada inferior e incapaz. Infelizmente, nos dias atuais elas ainda experimentam o peso de tentar se libertar dessa perpetuação do patriarcado. Mas é preciso olhar para o passado a fim de estabelecer um parâmetro de mudança.
Quais as consequências dessa desigualdade para a nossa sociedade?
A desigualdade de gênero tem consequências graves em nossas relações sociais. Ela é usada como justificativa para a violência, reforça a falta de representatividade nos espaços e as diferenças salariais.
Violência contra a mulher
A desigualdade de gênero é um dos principais motivos da banalização de situações atrozes, como o estupro. Desde o Brasil colonial, índias, escravas e muitas mulheres em vários segmentos da pirâmide social sofreram — e ainda sofrem — com esse tipo de violência.
Essa característica, herdada do patriarcado, é justificativa para a violência contra a mulher. Violência física, psicológica ou patrimonial, que se estabelece pelo silêncio e não é praticada apenas por estranhos, mas, principalmente, por familiares.
A violência contra a mulher pode ser percebida de várias maneiras, desde o prejulgamento por uma forma se vestir até a imposição do isolamento social em favor do relacionamento. Sofremos constantes humilhações, por meio de críticas e ofensas disfarçadas de brincadeiras.
Falta de representatividade
A falta de representatividade nos espaços é mais uma forma de reforçar a ideia da inferioridade feminina e impedir a mudança do contexto discriminatório em função do gênero.
Atualmente, vivemos um retrocesso que ameaça as conquistas das mulheres até aqui. Ora, se prezamos por uma construção democrática, quais seriam os motivos para não ocuparmos mais lugares na política?
Conforme dito anteriormente, a representatividade é essencial para o reconhecimento do verdadeiro papel da mulher na sociedade: mantenedora, mãe ou líder social, não importa a classificação, as pessoas precisam compreender que a garantia de direitos começa e termina com a liberdade de escolha.
Entretanto, as mulheres ocupam menos de 15% das cadeiras das câmaras do Legislativo em 70 países. No Brasil, mesmo com as cotas partidárias obrigatórias — a lei estabelece que cada partido deve ter no mínimo 30% e no máximo 70% de candidatos por gênero —, a aplicação da proporção fica limitada ao voto público e com o machismo estrutural, muitas mulheres não são eleitas.
Desigualdade no mercado de trabalho
No mercado de trabalho, a desigualdade mais uma vez é experimentada pelas mulheres. A situação fica evidente principalmente pela inferioridade salarial — mesmo sendo a maioria no mercado de trabalho com curso superior, as mulheres recebem salários menores que homens que atuam com os mesmos cargos — mas também acontece por meio de assédio sexual, moral e pressão por parte de colegas de trabalho homens.
Além disso, as mulheres ocupam poucos cargos de liderança, precisam trabalhar menos horas para dividir a rotina profissional com a doméstica e encontram dificuldade para atuar em múltiplas jornadas, que inclui o direito aos estudos e à capacitação.
A desigualdade de gênero reforça uma situação de violência, que pode ser física, sexual, psicológica, social, patrimonial ou moral. Muitas vezes, as mulheres não encontram apoio social ou do Estado para desfazer esse ciclo.
Para efetivar a mudança é preciso que essa discussão esteja sempre em evidência. Então, que tal você ler o artigo sobre o Dia das Mulheres para entender melhor sobre essa questão?
Artigo por: Oxfam
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